Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
A lagarta-do-cartucho é considerada uma das principais pragas do milho no Brasil. A média percentual de prejuízos causados pela lagarta-do-cartucho depende do estádio em que a planta se encontra na ocasião do ataque. Sendo assim, até os 30 dias de desenvolvimento da cultura podem ser esperados prejuízos da ordem de 15 %, já no florescimento podem chegar a 34%.
Descrição e biologia
O inseto adulto é uma mariposa que mede cerca de 35 mm de envergadura e apresenta uma coloração pardo-escura nas asas anteriores, e branco-acinzentada nas asas posteriores. As larvas recém-eclodidas alimentam-se da casca de seus ovos. Quando encontram hospedeiros adequados, elas começam a alimentar-se dos tecidos verdes, geralmente começando pelas áreas mais tenras, deixando apenas a epiderme membranosa, provocando o sintoma conhecido como "folhas raspadas". À medida que as larvas crescem, começam a fazer orifícios nas folhas, podendo destruir completamente as plantas mais novas; o ataque pode ocorrer desde os 10 dias após a emergência até a formação das espigas. A lagarta completamente desenvolvida mede cerca de 40 mm, tem coloração variável de pardo-escura, verde até quase preta e com um característico Y invertido na parte frontal da cabeça. A postura ocorre no limbo foliar em massas de ovos com incubação de três dias, o período larval depende das condições de temperatura com duração média em torno de 20 dias. Findo este período, a larva geralmente vai para o solo onde se torna pupa. O período pupal varia de 10 a 12 dias nas épocas mais quentes do ano.
Danos
As larvas de primeiro ínstar geralmente consomem o tecido verde de um lado da folha, deixando intacta a epiderme membranosa do outro lado. Isto é uma boa indicação da presença de larvas mais jovens na cultura do milho, uma vez que são poucos os insetos que apresentam hábitos semelhantes a este. A presença da larva no interior do cartucho da planta pode ser indicada pela quantidade de excrementos ainda frescos existentes na planta, ou abrindo-se as folhas, observando-se a presença de lagartas com cabeça escura e um Y invertido característico na parte frontal da cápsula cefálica. A lagarta-do-cartucho também pode danificar a lavoura de milho de forma semelhante a lagarta-elasmo e lagarta-rosca. A larva entra pela base da planta e alimenta-se do interior do colmo pouco desenvolvido provocando o sintoma conhecido de “coração morto”, típico do ataque de elasmo. Em plantas maiores pode ocorrer o seccionamento total ou parcial do colmo, matando a planta semelhantemente ao ataque de lagarta-rosca. Geralmente este tipo de dano é provocado por lagartas mais desenvolvidas. Uma outra modalidade de ataque da lagarta-do-cartucho que vem se tornando comum nos últimos anos é o dano causado às espigas do milho. Este tipo de prejuízo tem sido verificado com mais frequência em híbridos de milho de ciclo mais curto, caracterizados pela rápida emissão do pendão. Dessa maneira “acaba” o cartucho da planta sem que a lagarta ali presente tenha atingido seu completo desenvolvimento. Assim, o inseto dirigi-se para o pendão ou para a espiga, sendo comum também alimentar-se do ponto de inserção da espiga no colmo, seccionando-o. A lagarta também pode penetrar na base da espiga danificando grãos e abrindo portas para a entrada de patógenos.
Métodos de controle da lagarta-do-cartucho:
a) Controle biológico
Diversos inimigos naturais são citados como importantes agentes de controle da lagarta-do-cartucho, destacando-se os predadores de lagartas (besouros da família carabidae, percevejos reduviídeos e tesourinhas); predadores de ovos (tesourinhas); parasitoides de lagartas (formas jovens de Ichneumonidae, Bracconidae e moscas da família Tachinidae), parasitoides de ovos (Trichograma spp.) e microrganismos entomopatogênicos (fungos: Nomureae sp.,e Beuaveria sp. e vírus: baculovírus spodoptera).
b) Controle Químico
O controle é feito através de monitoramento da cultura e a aplicação do produto é feita quando forem constatadas 10% de plantas atacadas (folhas raspadas), que é o nível de dano econômico da praga no milho. O
s principais grupos de inseticidas para controle da lagarta-do-cartucho no milho safrinha são os c
arbamatos (carbaril, metomil e tiodicarbe), inibidores da síntese de quitina (lufenuron, diflubenzuron, triflumuron, novaluron e clorfuazuron), e espinosinas (espinosade), organofosforados (triazofós, triclorfon e parathion metílico) e piretróides (permetrina e lambdacialotrina) eventu
almente podem ser utilizados mas há indícios de perda de sua eficácia. No caso de ocorrênci
a de lagartas cortando plantas, as medidas de controle devem ser mais rápidas, uma vez
que danos elevados diminuem o estande final da cultura, neste caso o jato de pulverização deve ser direcionado para a base das plantas, dando-se preferência para aplicações noturnas com alto volume de calda.
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